Assassinato de Beto Figueiredo choca Campo Grande

O assassinato brutal do professor universitário e ex-superintendente de Cultura de Campo Grande, Roberto Figueiredo, de 68 anos, ocorrido na madrugada desta sexta-feira (13), gerou comoção e abriu uma discussão urgente sobre a violência e os crimes de ódio no Brasil, especialmente contra a comunidade LGBTQIA+.
O corpo de Figueiredo foi encontrado pela irmã, Carla Renata, dentro de sua própria casa, no bairro Altos do São Francisco, com sinais de facadas no pescoço e diversas lesões na cabeça causadas por pauladas. O crime foi classificado, a princípio, como latrocínio (roubo seguido de morte), mas a possibilidade de motivações associadas a crimes de ódio não está descartada.
O caso chamou atenção não apenas pela brutalidade, mas pelo perfil da vítima. Roberto Figueiredo era uma figura importante no cenário cultural de Mato Grosso do Sul, com uma trajetória de mais de três décadas como professor da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e como dirigente de instituições culturais. Foi presidente da Fundação Municipal de Cultura de Campo Grande (Fundac), superintendente de Cultura do município e diretor da Fundação de Cultura na gestão do ex-prefeito Nelsinho Trad (PSD). Entre os seus últimos projetos, destacava-se o documentário “Onde você estava?”, que teria pré-estreia no próximo dia 18 de dezembro no Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul.
As circunstâncias do crime
O imóvel de Figueiredo não apresentava sinais de arrombamento, o que leva a polícia a acreditar que ele tenha permitido a entrada do agressor, possivelmente alguém de seu convívio. Segundo a delegada Thainá Borges, da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), a hipótese de que a vítima teria marcado um encontro, seja de amizade ou de natureza amorosa, está sendo investigada. Essa linha de apuração reacende um debate constante no Brasil sobre a vulnerabilidade de pessoas LGBTQIA+ em encontros mediados por aplicativos de relacionamento, que, em várias ocasiões, resultam em roubos ou até mesmo em assassinatos.
Além do homicídio, o criminoso levou o carro de Roberto, um Jeep Renegade preto, além de seu celular e uma televisão. O veículo foi visto circulando pela Avenida Gury Marques, mas, até o momento, nenhum suspeito foi preso. A irmã da vítima, Carla Figueiredo, emocionada, lamentou o ocorrido: “É muita maldade, não precisava. Se eles queriam roubar, eles podiam ter levado tudo. Meu irmão entregaria qualquer coisa, carro, moto, TV”.
Uma trajetória de legado cultural
A morte de Roberto Figueiredo não silenciou apenas uma vida, mas interrompeu uma trajetória de impacto cultural. A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande publicou nota de pesar, destacando o papel do professor na valorização do patrimônio histórico e cultural de Mato Grosso do Sul. “Seu legado para a cultura sul-mato-grossense será para sempre registrado. Nosso muito obrigado, Beto!”, declarou a pasta nas redes sociais. A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul reforçou: “Sua dedicação à educação, às artes e à valorização do patrimônio histórico inspirou gerações e será lembrada com profunda gratidão por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e aprender com ele.”
A comoção se estendeu também ao Fórum de Cultura de Campo Grande, que lamentou a morte de um de seus principais expoentes. Artistas, professores e amigos prestaram homenagens, destacando o perfil generoso e incansável de Roberto Figueiredo na luta pela preservação do patrimônio cultural e pela democratização do acesso à arte.
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